quarta-feira, 10 de setembro de 2008

poço

Mesmesuras ecléticas bastouradas embaixo. Nada se masca em nome da bola sem rosto, bela sem nada, sem mais porque também, nem mais longe dali. As sombras perseguem o susto, na dura medida do instante. Sem vento, a abóbora vira cristal e as escadas levam-na ao baile de máscaras e sombras persecutórias e inconscientes atravessados por coletivos, enunciados, agenciados, encurralados, pueris. À beira da cama, a besta se faz clara e dá lua ao bolo de feno comido por mim na borda da existência. Ouça, que é a de todos nós: o poço entupiu e agora os sonhos são jogados nele pra ganharmos em troca as possíveis moedas brilhantes, mas que não chegam a nossas mãos, ficam lá no fundo, distorcidas pelos sonhos, pelas águas turvas dos sonhos, lá no fundo do poço entupido. Não bebo dessa água, desse desespero de ineditamente viver esperando um pranto louco que não é meu. Prefiro andar com as sombras que são as minhas, e as personas que são as minhas e bailam com os outros que em troca me deixam em paz, coletivamente imaginado em paz.

Um comentário:

JacqSR disse...

Muito boa sua sacação de que hoje enterramos os sonhos e aguardamos as moedas em troca...inversão maluca que nem os homens entendem!