sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Xadrez por Renato Medeiros (o CP2 way of life q largou a nossa turma)


Xadrez

Mexe o peão
Duas casas à frente
O objetivo é alcançar o coração
do valente Rei oponente

Tenta o Cavalo em "L"
Tenta o Bispo pela diagonal
A Rainha guarda seu Rei
Enquanto a outra quer seu mal

O Peão vai em linha reta
Tentando acabar com o jogo
Acaba errando sua meta
E pela Rainha adversária é morto

O erro foi fatal
Todos sentiram a dor
Foi anunciado com grito mortal
Xeque-mate do amor

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Escolhas?

Tal qual um doce veneno
você entrou fundo no meu coração,
alterou minha mente,
me fez sofrer e ter prazer.
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Não foi de toda sua culpa,
afinal está é sua natureza,
a natureza de uma belíssima flor
que tem a potência de carregar
um doce veneno.
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E o prazer por doce ser
me influenciou a continuar,
mesmo sentindo diversos sinais
pequenos e dolorosos.
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E por fim, depois de escolher permanecer,
com tão encantadora flor junto a mim
eu colhi seu veneno,
colhi dor, raiva, amargura
e um profundo sofrer de uma mágoa
(mágoa da qual sempre fugi).
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Agora só me resta o desentoxicar
do coração, que é lento e doloroso.
Contudo não a afastarei,
pois apesar dos pesares, ela me faz bem
quando em pequenas doses
ou de forma alternativa.
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Ps.: Como não estava entrando a paragrafação eu coloquei isto para demarcar o fim de cada verso.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Chopin na Praia Vermelha

Numa quarta-feira de dezembro à noite, fui dar uma volta na praia vermelha. Era uma noite bonita. Nada de excepcional, mas bonita. Mais do que bonita, agradável. Lua cheia, céu limpo e ondas leves tocando a areia.
Mas este era apenas o plano de fundo. O que se destaca como figura era uma rodinha de samba, que tocava chorinhos, serestas, etc. A roda não estava à frente ou entorno de Chopin. Na verdade, ele estava na roda.
Havia casais dançando agarradinhos e outros que se escondiam sob as sombras das árvores formadas pela azulada lua que iluminava a praia. A luz dos postes era secundária...

Entendi o que Chopin faz na praia vermelha...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

**O NOSSO LEMA**


Um brinde a nós mulheres,portadoras da sedução, a qual nenhum FDP sabe dar valor!
Que os nossos sejam sempre nossos
Que os delas sejam sempre nossos
Que os nossos nunca sejam delas
E se forem que se brochem!

Que nossos maridos sejam ricos
Nossos amantes sejam gostosos
E q eles nunca se encontrem!

Bebo porque vejo no fundo do copo a imagem do homem amado
Morre afogado FDP,desgraçado!

Que a fonte nunca seque
E que nossa sogra nunca se chame Esperança
Pq esperança é a última q morre!

Deus é 10
Romário é 11
whisky é 12
Zagallo é 13
e acima de 14 eu to pegando!

Que sempre nos sobre e nunca nos falte, e que a gente dê conta de todos!

Que nssos filhos tenham pais ricos e mães gostosas, e que nunca tropecemos porque a fila anda queridinha!

Um brinde também aos namorados q nos conquistaram, aos trouxas que nos perderam e aos sortudos que ainda vão nos conhecer

Convencidas não, REALISTAS
Debochadas não, AUDACIOSAS
Bonitinhas não, PERFEITAS
Importantes não, FUNDAMENTAIS
A gente não se acha, eles acham pela gente.


* não resisti, qndo eu li isso eu tive q postar*

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Segredos?


Não é segredo que a consciência
pode ser um tormento.

Não é segredo que a ambição
rói as unhas do sucesso.

Todo artista é um canibal,
todo poeta é um ladrão.

Todos comem sua inspiração
e cantam sobre a dor dela roubada.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Instruções, por Neil Gaiman


Toque o portão de madeira na parede que você nunca viu antes.
Diga “por favor” antes de você abrir o trinco,
atravesse,
desça o caminho.
Um diabrete de metal vermelho se pendura da porta da frente
pintada de verde,
como uma aldrava,
não toque nele; ele morderá seus dedos.
Ande pela casa. Não pegue nada. Não coma nada.
No entanto, se alguma criatura dizer-lhe que têm fome,
alimente-a.
Se ela dizer que está suja,
limpe-a.
Se ela chorar dizendo-lhe que dói,
se você puder,
alivie sua dor.


Do jardim dos fundos você poderá ver a floresta selvagem.
O profundo poço pelo qual você passa conduz ao reino do inverno;
há outra terra no fundo dele.
Se você virar aqui,você pode voltar, seguramente;
você não perderá nada. Não vou pensar menos de você.


Uma vez através do jardim você estará na floresta.
As árvores são velhas. Olhos espiam dos arbustos.
Abaixo de um carvalho retorcido senta-se uma anciã. Ela pode pedir alguma coisa;
dê a ela. Ela
irá apontar o caminho para o castelo.
Dentro dele há três princesas.
Não confie na mais jovem. Siga em frente.
Na clareira além do castelo os doze
meses sentam-se ao redor de uma fogueira,
aquecendo seus pés, trocando contos.
Eles podem fazer favores para você, se você for educado.
Você pode colher morangos na geada de Dezembro.


Confie nos lobos, mas não diga a eles onde você esta indo.
O rio pode ser cruzado pela balsa. O balseiro vai levá-lo.
(A resposta à sua pergunta é essa:
Se ele der o remo ao seu passageiro, ele será livre para deixar o barco.
Mas diga-lhe isto de uma distância segura.)


Se uma águia lhe der uma pena, mantenha-a segura.
Lembre-se: que os gigantes dormem ruidosamente; que
bruxas são sempre traídas por seus apetites;
dragões tem um ponto fraco, em algum lugar, sempre;
corações podem ser bem escondidos,
e você os trai com sua língua.
Não tenha ciumes de sua irmã.
Saiba que diamantes e rosas
são tão desconfortáveis quando caem da boca de alguém quanto sapos e rãs:
mais frios, também, e mais afiados, e eles cortam.


Lembre-se de seu nome.
Não perca a esperança – o que você procura será encontrado.
Confie em fantasmas. Confie naqueles que você ajudou para ajuda-lo na vez deles.
Confie em seus sonhos.
Confie em seu coração, e confie em sua história.


Quando você voltar, retorne pelo caminho que você veio.
Favores serão devolvidos, dividas serão pagas.
Não esqueça de seus modos.
Não olhe para trás.
Monte na águia sabia (você não cairá).
Monte no peixe prateado (você não afogará).
Monte no lobo cinzento (segure firme em seu pelo).


Há um verme no centro da torre; por isso que ela não ficara de pé.


Quando você chegar à pequena casa, o lugar onde sua jornada começou,
você irá reconhecê-la, embora ela pareça muito menor do que se lembra.
Ande pelo caminho, e através do portão do jardim que você nunca viu antes mas uma vez.
E então vá para casa. Ou faça uma casa.


Ou descanse.

sábado, 29 de novembro de 2008

Lobos por Fabio Rocha



E a coruja observa.
Na calma noite fria
Ela, quieta, espia.

Cai a neve molhada
Sobre cada pegada
Do menino sozinho.

Uivos se ouvem longe.
E a lua se enche
De um medo absurdo.

O pequeno caminha.
Vai alheio a lua
E a sorte sua.

Os lobos se aproximam.
Os caninos cintilam.
O rosnar é só um.

O maior é cinza.
Devagar, se aproxima
Do garoto parado.

O rapaz se ajoelha.
Calmamente, sorri.
Há algo errado ali.

O animal nada entende
E como se fosse gente,
Certa pena sente.

É então que o lobo
De olhos amarelos
Se deixa acariciar.

E o menino, devagar,
Um galho caído no chão
Se põe a pegar.

Seu grito é sobre-humano,
Ao atingir o lobo no crânio.

Corre a alcatéia apavorada,
E a criança tem sua fome saciada.

A coruja olha displicente
O garoto partindo, na paisagem inerte.
Nem triste, nem contente.

sábado, 8 de novembro de 2008

Descanso...

Sabe de uma coisa? Está na hora de sentar debaixo da árvore e relaxar...

Corri sempre e tanto, que estou muito cansada!
Cansada de ter sido sempre gente grande quando deveria ser criança e acabei nunca sendo!
Cansada de ter sido sempre responsável quando deveria ter metido o pé na jaca e acabei não o fazendo a quantidade de vezes necessária!
Cansada de segurar a onda quando deveria ter me deixado afetar e acabei me afetando muito mais que o necessário!
Cansada de pensar nas conseqüências e parar antes de começar!
Cansada de ser velha e chata quando deveria ser nova e inconseqüente e acabo não me deixando ser!
Cansada...

Pra que correr? Vou chegar antes de quem? Estou fugindo do que?

Ah! Cansei!

Estou me sentando debaixo desta árvore e vendo a tartaruga se aproximar... É ela quem acaba vencendo a corrida, não é mesmo?
Ela que anda a com calma... Curtindo seus passos. Cada um. Cada momento.

É... Parei de correr!

domingo, 2 de novembro de 2008

A queda - Albert Camus

"... Não sabia que a liberdade não é uma recompensa, nem uma condecoração que se comemora com champanha. Nem, aliás, um presente, uma caixa de chocolates de dar água na boca. Oh, não, é um encargo, pelo contrário, e uma corrida de fundo, bem solitária, bem extenuante. Nada de champanha, nada deamigos que ergam sua taça, olhando-nos com ternura. Sozinhos numa sala sombria, sozinhos no banco dos réus, perante os juízes, e sozinhos para decidir perante nós mesmos ou perante o julgamento dos outros. No final de toda a liberdade, há uma sentença; eis por que a liberdade é pesada demais, sobretudo quando se sofre de febre, ou nos sentimos mal, ou não amamos ninguém."

(...)

"Então, planando em pensamento por cima de todo este continente que me é subordinado sem saber, bebendo a luz do absinto, que se eleva, ébrio, enfim, de palavras más, sou feliz, estou lhe dizendo, proíbo-o de não acreditar que sou feliz, que morro de felicidade! Ah, sol, praias, e as ilhas sob os alísios, juventude cuja lembrança desespera!"

(...)

"A minha solução, com certeza, não é a ideal. Mas quando não amamos a nossa vida, quando sabemos que é preciso mudá-la, não temos escolha, não é? Que fazer para ser outra pessoa? Impossível. Seria preciso já não sermos ninguém, esquecermo-nos por alguém, uma vez pelo menos. Mas como? Não me confunda muito."

Caminho de bêbado



ORIGEM: Pista 3, Botafogo.
DESTINO: Qualquer lugar onde passasse um 415.
HORÁRIO: 04:00 AM
CAMINHO VERMELHO: O que fiz.
CAMINHO AZUL: O que deveria ter feito.

Gustavo: - "Cara, acho que a gente vai bater lá na lagoa".
Pereira: - "Que nada! A gente tá na Urca!"

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Nelson Caquinho, Jards Macalé, Lenine...

A FLOR E O ESPINHO

Composição: Nelson Cavaquinho/Alcides Caminha/Guilherme de Brito

Tire o seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca flor
Eu só errei quando juntei minh´alma à sua
O sol não pode viver perto lua

É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor e os meus olhos rasos d´água
Eu na tua vida já fui uma flor
Hoje sou espinho em teu amor.

Viva os engarrafamentos!

Parece maluquice, ironia, qualquer coisa semelhante...ou não...
mas hoje estive a repensar as coisas...
é meu caro maigo Dionísio : RE siginificar as coisas é o caminho!
E enquanto estava no meu caminho para a faculdade,
meu lego cinza tão querido,
como boa recém-convertida ao tijucanismo...
sim eu sou uma tijucana nova, assim como os cristãos,
enfim...viagens aleatórias sem sentido algum à parte,
pude perceber ao passar e parar pelas ruas deste bairro
(tudo bem que mais parar do que passar, mas enfim...rs)
vovós lindas de mãos dadas aos netos,
neném dando abraço em mãe,
velhinhos marchando,
pai observando a filha aprendendo a amarrar seus próprios tênis...
tudo tão mais bonito, quando você está assim disposto que seja,
se o ônibus andasse depressa eu perderia isso...
ou quem sabe até veria, mas bem mais acelerado...
bem aquele ritmo irritado de cidade...
I refuse!

Quero engarrafamento mesmo, pelo menos enquanto tudo isso me atravessar.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Borboleta


Sabe de uma coisa? Eu não ia te prender. Minha idéia nunca foi roubar tua alma e expô-la na parede. Sei que só és minha, quando não és, estás. Assim, estás porque quer e não és como que por condenação de ser, simplesmente estás.
Não vou mentir. Desejo ter tua posse. Dizer "é minha!", mas entendo tuas consdições. És livre e tens de ser, és geniosa e tens de ser, não és, estás e não pode ser. O concreto não lhe tangencia e o etéreo não faz juz. Já te conheço, mesmo que você mude a cada vez que aparece.
Apenas gostaria que não me tratasse com tanta frieza. Todos parecem merecer sua visita, o toque de suas asas... Mas algo te afasta de mim.
Não vou prender-te. Prometo. Te quero viva. Sem você há tanto tempo, já me sinto meio morta. Me dê uma chance. Toque a mim outra vez.
Acaso, espelho vazio do Tempo, desregrado, sem o atroz peso do certo, a espera não te toca, a quimera do atraso não espera. A sombra do agora me bate tanto que me sinto oco, senhora. Nada daquilo é verdade, apenas minha rouquidão. Apenas o biológico é verdade e, no entanto, é a mais pura mentira. É acaso que estou aqui, acaso não saibas. Há casos em que não fui responsável, e lá mesmo a ciranda da existência me surpreendeu com um tapa. Por ser em mim, no entanto, o tapa é meu, não é seu, pertence a mim, como o Tempo, apenas a mim. E o afago que acaso me trazes, como o tapa, também é meu e eu te agradeço, acaso não saibas, Acaso. A pirueta do sentido se enrola com minha língua quando vou explicar-te, quando vou entender-te, e a rubra experiência do abalo vem, lá de fora. É o real que não existe porque não simbolizo nem imagino, mas que Acaso está lá, ah se está. A casa do Tempo é onde habita o momento, essa hora que não acaba e que nunca foi. Ah, tudo é acalantadamente vazio de sentido e direção e o Acaso vem dar destino, sopra a vela e apaga o peso, faz aniversário de infinito e te empurras pro vento. Ele não é de ninguém, por isso é meu e Acaso não saibas, o Acaso é teu.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vítima?


Ateia-te fogo.
Deixa lamber a chama agonizante
cujo agente inflamável jorrou de ti.
Não há provas de que foste tu
a culpada do incêndio
nada acidental.
De fato foste sábia.
Todos os indícios apontam tua inocência.
És vítima.
És em si o sofrer.
Mas ao sentir arder,
queimar,
sufocar...
um segundo antes de morrer,
Saberás que é tu
a portadora do líquido inflamável,
És tu quem alimenta
o fogo que te mata.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Comentário para zoologia hermenêutica



a diferença do crocodilo pro homem é que no homem tem que dar corda

Tempo de concluir

"A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos
Sem virar carinho
Guardar lá dentro
Amor não impede
Que ele empedre
Mesmo crendo-se infinito
Tornar o amor real
É expulsá-lo de você
Prá que ele possa ser
De alguém..."
(Quem vai dizer tchau? - Nando Reis)
(Comentário de Minerva)

Resposta para a pergunta:
EU!

Zoologia Hermenêutica

Todas as estruturas e órgãos da anatomia do crocodilo servem para lhe sustentar e manter mordendo a boca, a razão de sua existência. O crocodilo, meu amigo, é uma mordida que anda.

sábado, 4 de outubro de 2008

Amor

Olá meus queridos,
venho através deste comunicá-los que a filosofia e a ciência pouco entendem do ser humano, pois nada sabem do dito "amor". Segundo a comparação de nosso amigo Nando Reis: "O amor é como uma borboleta, existe vivo, enquanto movimento. Se você apanhá-la e pregá-la na parede para expô-la, já não é mais uma borboleta, já morreu." Nunca ouvi melhor comparação, aliás, parabéns, Nando. O amor é um movimento impossível de se quantificar ou racionalizar, é algo apenas presenciado por aquele que ama e aquele que é amado. Um fenômeno desumanamente humano. Freud não conseguiu explicar o amor. A neurologia não sabe que fenômenos cerebrais e hormônios são produzidos para que as pessoas se mantenham em longos relacionamentos. Platão e Nietzsche jamais ousariam até sentir o amor, quanto menos descrevê-lo, pois estavam mais ocupados em sua posição de pseudo-donos-da-verdade que tomava-lhes demais o tempo.

E aqui venho eu, um humilde universitário compartilhar entre amigos: Não há nada melhor que amar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Correnteza

Uma amiga fez uma metáfora que me disse muito. Ao menos o que entendi da tal metáfora.
Trata-se de um sujeito a se afogar num rio de forte correnteza. Pelo rio passam diversos troncos, aos quais o sujeito tenta inutilmente se agarrar. O sujeito vê no tronco sua salvação, mas não calcula que seu peso é mais do que o tronco pode sustentar. Então, o tronco passa.
Inesperadamente o sujeito parece gostar de se agarrar aos troncos e não procura outra solução senão brincar de agarrar o tronco que passa e tão logo o solta, à outro se atira.
Para quem está de fora, a imagem é angustiante!
Quem é que fica de tronco em tronco, ao invés de, com a mesma energia ou até mesmo menor, nadar até a margem segura?!
Mas que sujeitinho irritante! Está ali se esbaforindo e ainda parece se divertir!
Bom, uma hora ele cansa e procura a margem...
Ou então, que se afogue! Maldito sujeito sádico!
Há ainda a não tão remota possibilidade de que própria margem se levante e vá embora!

Machado



"Caiu do ar? Destacou-se da terra? não sei; sei que um vulto imenso, uma figura de mulher me apareceu então, fitando-me uns olhos rutilantes como o sol. Tudo nessa figura tinha a vastidão das formas selváticas, e tudo escapava à compreensão do olhar humano, porque os contornos perdiam-se no ambiente, e o que parecia espesso era muita vez diáfano. Estupefato, não disse nada, não cheguei sequer a soltar um grito; mas, ao cabo de algum tempo, que foi breve, perguntei quem era e como se chamava: curiosidade de delírio.

--Chama-me Natureza ou Pandora; sou tua mãe e tua inimiga.

Ao ouvir esta última palavra, recuei um pouco, tomado de susto. A figura soltou uma gargalhada, que produziu em torno de nós o efeito de um tufão; as plantas torceram-se e um longo gemido quebrou a mudez das cousas externas.

--Não te assustes, disse ela, minha inimizade não mata; é sobretudo pela vida que se afirma. Vives; não quero outro flagelo.

--Vivo? perguntei eu, enterrando as unhas nas mãos, como para certificar-me da existência.

--Sim, verme, tu vives. Não receies perder andrajo que é teu orgulho; provarás ainda, por algumas horas, o pão da dor e o vinho da miséria. Vives: agora mesmo que ensandeceste, vives; e se a tua consciência reouver um instante de sagacidade, tu dirás que queres viver.

Dizendo isto, a visão estendeu o braço, segurou-me pelos cabelos e levantou-me ao ar, como se fora uma pluma. Só então pude ver-lhe de perto o rosto, que era enorme. Nada mais quieto; nenhuma contorção violenta, nenhuma expressão de ódio ou ferocidade; a feição única, geral, completa, era a da impassibilidade egoísta, a da eterna surdez, a da vontade imóvel. Raivas, se as tinha, ficavam encerradas no coração. Ao mesmo tempo, nesse rosto de expressão glacial, havia um ar de juventude, mescla de força e viço, diante do qual me sentia eu o mais débil e decrépito dos seres.

Entendeste-me ? disse ela, no fim de algum tempo de mútua contemplação.

--Não, respondi; nem quero entender-te; tu és absurda, tu és uma fábula. Estou sonhando, decerto, ou, se é verdade, que enlouqueci, tu não passas de uma concepção de alienado, isto é, uma cousa vã, que a razão ausente não pode reger nem palpar. Natureza tu? a Natureza que eu conheço é só mãe e não inimiga; não faz da vida um flagelo, nem, como tu, traz esse rosto indiferente, como o sepulcro. E por que Pandora?

--Porque levo na minha bolsa os bens e os males, e o maior de todos, a esperança, consolação dos homens. Tremes?

-- Sim; o teu olhar fascina-me.

-- Creio; eu não sou somente a vida; sou também a morte, e tu estás prestes a devolver-me o que te emprestei. Grande lascivo, espera-te a voluptuosidade do nada.

Quando esta palavra ecoou, como um trovão, naquele imenso vale, afigurou-se-me que era o último som que chegava a meus ouvidos; pareceu-me sentir a decomposição súbita de mim mesmo. Então, encarei-a com olhos súplices, e pedi mais alguns anos.

--Pobre minuto! exclamou. Para que queres tu mais alguns instantes de vida? Para devorar e seres devorado depois? Não estás farto do espetáculo e da luta? Conheces de sobejo tudo o que eu te deparei menos torpe ou menos aflitivo: o alvor do dia. a melancolia da tarde, a quietação da noite, os aspectos da Terra, o sono, enfim, o maior benefício das minhas mãos. Que mais queres tu, sublime idiota?

--Viver somente, não te peço mais nada. Quem me pôs no coração este amor da vida, senão tu? e, se eu amo a vida, por que te hás de golpear a ti mesma, matando-me?

-- Porque já não preciso de ti. Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem. O minuto que vem é forte, jucundo supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste. Egoísmo, dizes tu? Sim, egoísmo, não tenho outra lei. Egoísmo, conservação. A onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal. Sobe e olha.

Isto dizendo, arrebatou-me ao alto de uma montanha. Inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe através de um nevoeiro, uma cousa única. Imagina tu leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das cousas. Tal era o espetáculo, acerbo e curioso espetáculo. A história do homem e da Terra tinha assim uma intensidade que lhe não podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos. Para descrevê-la seria preciso fixar o relâmpago. Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim,--flagelos e delícias, desde essa cousa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia a indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, -- nada menos que a quimera da felicidade, -- ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem e cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.

Ao contemplar tanta calamidade, não pude reter um grito de angústia, que Natureza ou Pandora escutou sem protestar nem rir; e não sei por que lei de transtorno cerebral, fui eu que me pus a rir, -- de um riso descompassado e idiota.

--Tens razão, disse eu, a cousa é divertida e vale a pena, -- talvez monótona mas vale a pena. Quando Jó amaldiçoava o dia em que fora concebido, é porque lhe davam ganas de ver cá de cima O espetáculo. Vamos lá, Pandora, abre o ventre, e digere-me; a cousa é divertida? mas digere-me."


Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

domingo, 28 de setembro de 2008


Não quero mais brincar disso... =-(

real, simbólico e imaginário


Ruínas da igreja de São Francisco, Alcântara, Maranhão



Assim Como

Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.


Alberto Caeiro

sábado, 27 de setembro de 2008

o amor


Marcel Marceau



O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Toulouse-Lautrec - Au lit, le baiser


Se eu sou assim,
bem que você poderia não ser!
Ter a coragem que eu não tenho
de realizar os meus desejos...

domingo, 21 de setembro de 2008

Conselho

Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.

Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim com lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.

Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és -
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...


Fernando Pessoa

sábado, 20 de setembro de 2008

Às esfarrapadas...

Não devemos justificar o que escrevemos... É o que é, e também o que parece ser... E só!
Seria simples, no sentido da simplicidade simplória e medíocre, se esconder na barra da saia da censura...
Independentemente do teor alcoólico, a gente se mostra escrevendo, desenhando, respirando, vivendo... e isso dá vontade de nos explicarmos, camuflarmos o que foi flagrado.
Não siga essa vontade, é inútil... Ninguém a credita, ou acredita.
Não perca seu tempo com desculpas tolas...
Deixe-se flagrar! Às vezes é até gostoso ser descoberto...

aqui vejo os outros longe


"Hi-Fi" - Ricardo Newton



Escrito numa quinta à noite no sujinho.

aqui vejo os outros longe, longe de mim, independentes de mim, existentes sem mim. e isso é assustador e é lindo. lindo porque é o real, o real que é imaginado. o real imaginário. meus amigos estão lá, falando com outras pessoas. é como se eu estivesse olhando do além e isso é uma coisa metafísica, sem limites. como memórias póstumas.
quando o amor vai embora o que resta é beber.
aqui, com algumas pessoas conhecidas, eu vislumbro o sentido da vida: o outro que se conhece e que te conhece. é o outro que te protege do fracasso da existência. é o outro que te evita de cair no vazio da incompletude. é o outro que te faz perceber a finitude de si e a infinitude da finitude ali mesmo. é o outro. Mesmo falando merda, nada com nada. mesmo a beleza sendo só um acessório! é o outro que propicia o sentido dado por você. sem o outro não há sentido.
“eu já vi mulheres de coxão e de braço fino”
“pega na minha e balança”
é isso que importa.
“eu pego ela. o que importa é ninguém saber”
a interação entre homem e mulher é muito engraçada. o caminho tortuoso é o mais legal porque o que importa é o caminho e o caminho tortuoso é o mais longo.
"cadê o dono do isqueiro?" Eu sou um ser alheio à espécie humana.
“se você quer você pega”. aposto que sim.
“eu adoro as noites de quinta porque eu vou trabalhar mal na sexta. Todo boêmio há de ser funcionário público”.
o que importa é o amor. amor na verdade é a relação. em meio a toda essa finitude o que importa é o amor. o amor é que estende o tempo.
a memória vem, memória que configura a alma. a alma que é o passado e que é tudo. e tão linda. as almofadas voando. os netos brincando com as almofadas. a televisão mal pega. a vida. as pessoas ainda vivas. essa é a eternidade. tão linda. e tão fatalmente inexistente. e por isso linda. essa é a eternidade viva. nunca vai morrer. nunca porque é linda. o importante é o momento. aquele infinito.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Medo

Tudo nessa história me dá medo. E o que mais me apavora é que é a minha história. De repente eu só temo, tremo, me paraliso, me abstenho. Mas é a minha história!!! Como posso me abster?!
De tudo tenho medo. Até de você... Mais uma vez me paraliso e, pra você, finjo que não tremo. E em você, mais do que outras coisas, por completo temo. É um pavor tão angustiante que te ignoro, abro mão de ti, mas você não vai embora. Me sobra, então, te tornar outra coisa, algo que seja seguro, que não me apavore. Mas por temer tudo, te torno nada.
Assim, você me envolve etereamente... Talvez eternamente... Não se pode ter ou livrar-se do que é etéreo, que por definição sequer é. Te torno um nada e, portanto, poderá ser pra sempre. Nada é pra sempre.
Sólido como o vento, eterno como o nada, você me permeia e eu não temo. Tudo é perfeito. Num repente te vejo solidificar e se tornar real, atendendo à outra.
Minha segurança foi em vão. Te perdi. Pra sempre? Não. Somente o nada é para sempre e você só é nada pra mim. Quando acabar, talvez eu já esteja pronta para te solidificar e não mais te deixar permear-me, mas tocar-te.
Até lá...

domingo, 14 de setembro de 2008

Apontamentos

"Crow with heart" - Sarah Rogers

Queria poder saber escrever uma história, e o tema dela seria a espera. Aquela triste espera que parece não depender de nós e que suspende a criança, sentando-a no meio-fio da calçada, tendo como amparo apenas a mão que sustenta o rosto de olhos esvaziados pelo horizonte, naquele morno horizonte onde a sua mãozinha se vê envolvida da grande mão protetora e guia, que lhe veio buscar no fim da tarde. A espera que risca em carvão a sombra que corta o vale, fugindo do sol e abraçando-se com a antagônica noite, perdendo-se onde chegou e esquecendo-se de onde começou a vir. A espera que arrasta-se em estagnação, aprisionando o homem apenas para lhe tornar capaz de procurar, no seu mais íntimo, a semente da loucura que é arada no solo azul do sonho. Não a espera que doa seu corpo à esperança, mas a espera que sutilmente mutila sua surpresa em encanto e, finalmente em desespero. A espera que consiste não em acordar após um longo sono, mas em desenhar no caderno uma manhã, e poder nesta manhã desenhada acordar apenas para compreender que se estava sonhando.

E se nessa história eu pudesse ousar continuar, escreveria então o momento que a chuva é recebida como milagre pelos olhos secos da menina. Quando o sol tinge em laranja as nuvens que se escondiam de teus olhos sonolentos e que anima constelações de orvalhos ao longo do teu quintal. Quando o vento farfalha as folhas e finalmente penteia teus cabelos da forma concebida pela natureza que já não reconheces mais. Quando a mãe beija o recém declarado filho pelo seu ventre e o pai busca a criança suja de tinta na escola. Quando você percebe que todos os temores que nutria no momento que antecedia onde você está no exato agora eram infundados, e percebe que só os pode afogar num sorriso de superação. Quando mesmo os soluços que concluem o choro solitário cessam e dão lugar à clara meditação. Quando a amada recebe uma rosa vermelha jamais recebida - e jamais dada - ou você encontra uma flor amarela caída no chão. Quando eu te encontro por acaso e me deixas apenas entorpecido de surpresa e encanto, reverberando-te em sonho.

E, se pudesse então concluir essa história, nela contaria a você todas essas coisas bonitas que sinto aqui dentro, que me parecem tão claras, despidas de dúvidas, nessa noite perdida que estou irremediavelmente silêncios e mistérios de distância de você. Nessa noite que me banho de uma esperança talvez escorrida da Lua, nesse céu que abraço as possibilidades como certezas, nessas estrelas que, de alguma forma, delineiam teu rosto em minha mão. E você teria a certeza de que tudo o que quis ter feito, era de ter estado ao teu lado, desde o início.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

poço

Mesmesuras ecléticas bastouradas embaixo. Nada se masca em nome da bola sem rosto, bela sem nada, sem mais porque também, nem mais longe dali. As sombras perseguem o susto, na dura medida do instante. Sem vento, a abóbora vira cristal e as escadas levam-na ao baile de máscaras e sombras persecutórias e inconscientes atravessados por coletivos, enunciados, agenciados, encurralados, pueris. À beira da cama, a besta se faz clara e dá lua ao bolo de feno comido por mim na borda da existência. Ouça, que é a de todos nós: o poço entupiu e agora os sonhos são jogados nele pra ganharmos em troca as possíveis moedas brilhantes, mas que não chegam a nossas mãos, ficam lá no fundo, distorcidas pelos sonhos, pelas águas turvas dos sonhos, lá no fundo do poço entupido. Não bebo dessa água, desse desespero de ineditamente viver esperando um pranto louco que não é meu. Prefiro andar com as sombras que são as minhas, e as personas que são as minhas e bailam com os outros que em troca me deixam em paz, coletivamente imaginado em paz.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ode a Dionísio



só sou-me quando me transtorno, me transformo, quando me distorso, quando não sou mais eu. álcool que entra, álcool que sai, o importante é a viagem que faz e os atravessamentos que (mental e hepaticamente) provoca . é estranho, parece que as pessoas falam mais comigo quando estou completamente bêbado. não sei se sou eu que falo mais com elas ou se, como disse um grande amigo meu hoje, o álcool (quando ingerido) recobre-me duma aura diferente que me permite ser quem sou, ou quem acho que sou. na conversa citamos Vinícius e seu copo de uísque. Vinícius que não seria Vinícius sem o uísque, uísque que não seria uísque sem Vinícius. nada que não seria nada sem nada. enfim, o poeta não seria vagabundo sem uísque e, sem ser vagabundo, logicamente nao poderia ser poeta. logo, o poeta imprescinde de uísque. c.q.d. mas eu prefiro cerveja, logo meus versos não são tão destilados, eles fermentam como comida estragada, logo não sou Vinícius, nem morri aos 66 anos. nem sou eu quem nesse momento vos escreve , na verdade, dado que infelizmente não estou bêbado.

sábado, 30 de agosto de 2008

roll the dice




roll the dice

Bukowski

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.

you will ride life straight to
perfect laughter, its
the only good fight
there is.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Asas...


É chegado um ponto em que os anjos perdem as asas, os deuses se tornam mortais (E morrem, porque os matamos!). Esse é um ponto em que relembramos o dia em que Papai Noel desceu do trenó, em que a Fada dos Dentes vestiu o avental e lhe obrigou a comer espinafre, e pouco depois o príncipe encantado esqueceu a carteira e você pagou o cinema.
No entanto, é também nesse ponto que lhe cabe uma escolha: Desbotar a fantasia ou colorir o mundo real?
(...)
Só por teimosia, talvez esperança, ou quem sabe estupidez, fiz minha escolha...
Escolhi recordar como os anjos sem asas me fazem parecer,hoje, uma pessoa melhor (Afinal, mesmo sem asas, ainda são anjos.), que a mortalidade dos deuses me mostra onde ainda posso chegar. E pensando bem, o Papai Noel esteve presente enquanto eu o quis por perto, a Fada dos Dentes assoprou meus joelhos ralados e ainda se dispõe à assoprá-los... E o príncipe encantado... Bom... Eu arrumo outro (E que não volte pro bréjo...)!
O melhor é estar aberta para o próximo conto de fadas começar. E melhor ainda, estar disposta a crer!

domingo, 17 de agosto de 2008

O que parece ser




















Foto: Gustavo Tavares




O que parece ser


reminiscências obtusas

frescuras da memória

verduras da existência

petrificadas na estante amarelada

das idéias.


são eternas flores plastificadas

no instante

imobilizadas na visão humana

do antes.


para que ser se posso parecer?

existir mais

que aquelamor de plástico

é divertida petulância de rosa

arrancada pelo amante.

mal me quer

já bem me quer

pra depois não me querer

jamais

como a flor amarela que nunca existiu

e que foi jogada fora

por não querer morrer

jamais.


desespetaladamente arrancado

do momento

sou jogado noutro

que não sou

e vou me sobrando

cada vez menos

esperando sempre

por mim.


minha permanência é memória.

bem quisto

mal quisto

não sou mais que isso

não sou mais

não sou.


ser para sempre

um parecer

é o que parece

é o que parece ser.

domingo, 10 de agosto de 2008

Para não explodir, dividir...

O céu chorou hoje o que eu não consegui chorar. Chorou tão forte que doeu, se ouvia entre as gotas d'água um soluçar.
A chuva era ensurdecedoura. Não pude ignorar.
Tentei de tudo para me expressar, mas nem sei o que senti. Só queria ficar sozinha e chorar. Mas não conseguia dormir, nem pensar.
Não consegui. Não sei se foi força ou covardia, mas tanto prendi que nem senti o nó na garganta me sufocar.
Se você viu toda a água que caiu do céu hoje, e o barulho que fez entre gotas, raios e trovejar, viu também as lágrimas que não rolaram, mas por dentro me perfuraram, como ácido queimaram.
Obrigado céu por ter me aliviado a dor, ou ao menos tentado. Obrigado por hoje ter chorado o que eu não consegui chorar.

sábado, 9 de agosto de 2008

"CHOPIN BUKOWSKI"

Nada como passar a última noite de sábado das férias lendo Bukowski


"CHOPIN BUKOWSKI"
Charles Bukowski
Do livro "Love is a Dog From Hell"


this is my piano.

the phone rings and people ask,
what are you doing? how about
getting drunk with us?

and I say,
I’m at my piano.

what?

I’m at my piano.

I hang up.

people need me. I fill
them. if they can’t see me
for a while they get desperate, they get
sick.

But if I see them too often
I get sick. it’s hard to feed
without getting fed.

my piano says things back to
me.

sometimes the things are
scrambled and not very good.
other times
I get as good and lucky as
Chopin.

sometimes I get out of practice
out of tune. that’s
all right.

I can sit down and vomit on the
keys
but it’s my
vomit.

it’s better than sitting in a room
with 3 or 4 people and
their pianos.

this is my piano
and it is better than theirs.

and they like it and they do not
like it.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Consciência

" - Consciência é aquela voz calma e baixinha, que ninguém quer ouvir. E esse é o problema do mundo de hoje."

( Grilo Falante)

terça-feira, 22 de julho de 2008

Dia do Amigo e o sábio Machado!

BONS AMIGOS

"Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!"

(Machado de Assis)

Recebi de uma menina especial no dia do amigo e resolvi deixar registrado aqui entre a gente também, amigos!
Machadão é demais, excelente=)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Compartilhando um momento de tristeza antigo.

E só assim decidi, porque me fizeram acreditar que ficou bonito...
isso foi meu perfil por um tempo.

Quem disse que não há beleza na tristeza?!

"Eu?
Eu não estou bem, me sinto um clichê ambulante e sofrido.
Não sei mais por quais ruas quero andar sem você me fazendo rir.
Você é o vento, eu sou o mar...
você me fazia ondular e eu, enquanto isso, pulava de barco me barco, achando que dessa forma encontraria uma solução para o que estava acontecendo, afinal eu nunca entendi muito bem o que a gente era.
E pulando de barco em barco,
eu (mar) que nunca tive chão de fato, hoje só quero que ele se abra para que eu talvez possa descansar.
Você era minha brisa gostosa de quando se abre a janela de manhã e o dia está lindo lá fora.
Era com você que eu queria estar debaixo de cada gota de chuva que surgia.
Eu sou aquela que gosta e não sabe mostrar isso do jeito correto.
E eu poderia colocar todas as palavras de forma articulada, fazendo sentido para todo mundo que lesse isso,
poderia colocar as expressões mais melancólicas para poder mostrar levemente a dimensão do que sinto,
mas hoje eu estou tão mal, tão magoada com tudo, que nem as músicas mais clichês superariam a dor que eu tenho agora.

Eu sei que eu sempre sobrevivo...agora eu busco estar em paz com meu espírito somente..."o vento leva...".

"(...)Se a gente já não sabe mais
rir um do outro meu bem então
o que resta é chorar e talvez,
se tem que durar,
vem renascido o amor
bento de lágrimas."
(Los Hermanos, O vento)

"Voe por todo mar e volte aqui."
(Jota Quest, O vento)

E assim a gente termina mais uma vez algo que nunca começou...

"Will you count me in?

I've been awake for a while now
you've got me feelin like a child now
cause every time I see your bubbly face
I get the tinglies in a silly place

It starts in my toes
makes me crinkle my nose
where ever it goes I always know
that you make me smile
please stay for a while now
just take your time
wherever you go

The rain is fallin on my window pane
but we are hidin' in a safer place
under the covers stayin dry and warm
you give me feelings that I adore

It starts in my toes
makes me crinkle my nose
wherever it goes
I always know
that you make me smile
please stay for a while now
just take your time
wherever you go

What am I gonna say
when you make me feel this way
I just........mmmmmmmmmmm

It starts in my toes
makes me crinkle my nose
wherever it goes
I always know
that you make me smile
please stay for a while now
just take your time
wherever you go

I've been asleep for a while now
You tucked me in just like a child now
Cause every time you hold me in your arms
I'm comfortable enough to feel your warmth
It starts in my soul
And I lose all control
When you kiss my nose
The feeling shows
Cause you make me smile
Baby just take your time
Holdin me tight

Wherever, wherever, wherever you go
Wherever, wherever, wherever you go
Wherever you go, always know

Cause you make me smile
And just for a while."
(Colbie Caillat, Bubbly)"

Uma volta ao Rio muito produtiva digamos...rs

E para provar que meu riso não parou na pichação da postagem anterior, ao me deparar com o caos que as obras nos dois túneis que existem no percurso de minha terra até o Rio de Janeiro podem fazer, se encontra a seguinte placa inovadora e extremamente tranquilizante:

O TRANSTORNO PASSA A OBRA FICA.

Às vezes me pergunto se mereço tanto...rs

Pichações de minha terra!

E para abrir tal série, que já aguarda colaborações, estava eu vindo tranquila de minha terra de volta para o Rio de Janeiro. Eis que olho para o muro e me deparo com a seguinte frase:

"FEBRE EH NOIS O RESTO EH VIROSE!"

hahaha
Sensacional!
Preciso dizer mais alguma coisa?!
Depois falam que só carioca é criativo...rs

sábado, 5 de julho de 2008

Desilusão

"Desilusão... desilusão, danço eu, dança você na dança da solidão..." - Marisa Monte

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Do mar

Ouvi o oceano dissolver-se na areia da praia.

Não, não consigo. Em verdade, estas rápidas palavras, que com tamanha prontidão descrevem o fenômeno, me são insuficientes. Não é de minha pretensão reproduzir aqui, através da descrição, o ato quotidiano e portanto imperceptível ao coração humano, que com indiferença rebate a indiferença do cego testemunho da existência, espelho de prata de ignorada presença.

Como se me seria possível expressar o horror, ao perturbar a estrutura que ora me sustenta de forma tão débil como tem se mostrado nos últimos tempos, ao me pôr nu, carente de símbolos, contra este espetáculo que manifesta hoje o que ocorre desde antes do início das eras, e que nos faz ajoelhar, humildes, ao promulgar a sentença que nunca poderemos nos desgarrar?

Esse imortal sentimento de mortalidade...
A fúria da vida resistindo-se contra a areia e, como ato final, se dissolvendo nela.

Tudo ser dissolvido em nada, e apenas restar o chiado da serpente que nos atormenta na infinita noite de esparsas estrelas e a leve brisa a nos acariciar o rosto, tranqüilizando a inquietude e perplexidade que preenchem as artérias vazias da consciência. E depois o silêncio e, enfim, aquilo que lhe antecede.

Não. Nada disso poderia, em verdade, expressar o que testemunhei, senão a sentença inicial. Retomemo-la.

"Ouvi o oceano dissolver-se na areia da praia".

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pequenos Poderes

Preferido e preterido...muda-se um risco, uma letra, uma posição...e com isso todo o sentido.
Uma letra tem esse poder e você...
qual a sua posição perante o mundo?
Avante amigos, avante!

sábado, 28 de junho de 2008

Chico Portuga

Nada como tirar uma boa nota numa prova em que vc dorme 99,9% das aulas e só vai pela presença do prof fdp que cobra duas presenças por dia, né fanfarrões? Vou manter o padrão só pra não perder o costume, foda-se o Chicão, vou tirar 10 nessa porra só por dizer que o ser humano é uma construção da semiologia que ocorre concomitamentemente com o processo de produção socio-histórico de uma biologia marxista apoiada em idéias da psicologia social norte-americana.

RÁ, SEI TUDO!

A velha lembrança

Paul Klee, Rosenwind

Afalhardando-se a quisma ótica do ventre em chamas, absorto em vento sem lenço, acuado em linhas curvas de sanada lembrança do destino contido em palavras amenas. A questão disposta, eterna guia de mar, sentidos azuis, promíscuos provérbios bestaneis e saberdosos de nada. Naquela mesma soldada lembrança, soltardes as vias de caminhos entracortados em sumastréis enqüestrados blaustronéis emborcados, astunamassados e jogados fora. Amora estragada se come com garfo, vermelhamassada, alagada de sangue, trocada por mim. Querelacabadas, colunas rachadas, mazelas fumadas, mocambos casais. Embora trocada, a velhamurada, em sombras se casa por certo quinhão. Marfafagalhada, portrupulada, broscuradamente manisfretada, aquela sombra me achou.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

A FANFARRONICE IMPERA MAIS UMA VEZ!!

Queridos fanfarrões do meu Brasil a mil, hoje, dia 25/06/08 no calendário cristão, as 16:30 no horário de Brasília, mais uma vez a fanfarronice mostrou o seu poder ao mundo. Quando tudo estava aparentemente perdido e sem solução, eis que duas fanfarronas surgem para auxiliar um fanfarrão solitário e sob forte stress que necessitava de auxílio. Não foi nem necessário botar na conta do papa nem me pediram pra sair, simplesmente mostrei que a fanfarronice somada com a fanfarronice de mais duas pessoa dá fanfarronice³. E como a filosofia fanfarrônica é universal, um fanfarrão atrai outros fanfarrões e assim por diante. Seja um fanfarrão você também e entenda que a fanfarronice não é apenas uma palavra ou conceito, mas um estilo de vida! Por isso, meus caros fanfarrões, agradeço a todos pela disposição fanfarrônica de ler este post inútil quando deveria estar estudando ou quem sabe copulando.
Bom, vou saindo antes que o 01 me nomeie como xerife...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Da série Autor Indigente: aforismo #6




"as palavras no inconsciente não são abstrações, são coisas, têm peso, podem cair na cabeça do sujeito e machucar"

Simone Perelson

terça-feira, 17 de junho de 2008

Teus Olhos no Espelho





























René Magritte - Retrato de Edward James



Teus Olhos no Espelho

Por que você existe se não posso sê-la?
Lascivos sonhos perdidos em acordes diurnos
Foi-se embora a concretude onírica
Ficou o desejo real

Ah, se eu me pudesse
Se eu pudesse ser-me
Eu seria tu
Olhar no espelho sempre
E mergulhar em ti

Uma traição bela
Um destino contido, mas sentido
Tua totalidade é proibida
Teus sonhos, incomunicáveis

Ah, se as palavras não fossem barreiras
Ah, se o verbo fosse ação
A emoção projetada
O sentido anômico

Não precisaríamos de dicionários
Ou salas de cinema
Dia dos namorados
Ou tardes de domingo

Seríamos apenas
Seríamos sós
Seríamos apenas nós
Sem verbo, sem nome, sem voz

Mas essa prolixidade temporal
(Quase tempestade)
Venta-me contra o destino
E o sem-fim do desamor
Corrói-me o fígado
Com seus beijos etílicos
E seus coitos sem filhos

Apaguem, apaguem, apaguem
Apaguem essa luz
Que cria tantas sombras
Apaguem tudo, apaguem todos
Deixem-nos sós
Apenas nós
Sem corpos, sem almas
Escuridão calma
Indiferenciação

Um beijo eterno, terno, lerdo
Apressado, sem tempo, lento
Apertado, sem espaço, infinito
Somo-nos
Enfim um fim
Universalmente abraçados
Singularidade

Teus olhos no espelho
Corporalmente desalmados
Espiritualmente descarnados
Não há eu ou você

Não somos sem sermo-nos



26/05/07