quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Medo

Tudo nessa história me dá medo. E o que mais me apavora é que é a minha história. De repente eu só temo, tremo, me paraliso, me abstenho. Mas é a minha história!!! Como posso me abster?!
De tudo tenho medo. Até de você... Mais uma vez me paraliso e, pra você, finjo que não tremo. E em você, mais do que outras coisas, por completo temo. É um pavor tão angustiante que te ignoro, abro mão de ti, mas você não vai embora. Me sobra, então, te tornar outra coisa, algo que seja seguro, que não me apavore. Mas por temer tudo, te torno nada.
Assim, você me envolve etereamente... Talvez eternamente... Não se pode ter ou livrar-se do que é etéreo, que por definição sequer é. Te torno um nada e, portanto, poderá ser pra sempre. Nada é pra sempre.
Sólido como o vento, eterno como o nada, você me permeia e eu não temo. Tudo é perfeito. Num repente te vejo solidificar e se tornar real, atendendo à outra.
Minha segurança foi em vão. Te perdi. Pra sempre? Não. Somente o nada é para sempre e você só é nada pra mim. Quando acabar, talvez eu já esteja pronta para te solidificar e não mais te deixar permear-me, mas tocar-te.
Até lá...

4 comentários:

JacqSR disse...

Muito bom seu jogo de palavras cara...belas sacadas!
Você é nada pra mim mocinha...e é pra sempre, do melhor jeito=)

Dionísio de Oliveira disse...

po, é exatamente isso! queria eu conseguir traduzir em palavras as coisas assim!

Lorelei of the sea disse...

até onde eu sei você também traduz em palavras coisas assim...

Pigmaleão Inalado disse...

Algo que se oculta nas tuas palavras me tocou profundamente, transmutando a escuridão delas numa clarividência comparada às retinas derretidas pelo sol. Extraordinário. Nada é para sempre.