sábado, 29 de novembro de 2008

Lobos por Fabio Rocha



E a coruja observa.
Na calma noite fria
Ela, quieta, espia.

Cai a neve molhada
Sobre cada pegada
Do menino sozinho.

Uivos se ouvem longe.
E a lua se enche
De um medo absurdo.

O pequeno caminha.
Vai alheio a lua
E a sorte sua.

Os lobos se aproximam.
Os caninos cintilam.
O rosnar é só um.

O maior é cinza.
Devagar, se aproxima
Do garoto parado.

O rapaz se ajoelha.
Calmamente, sorri.
Há algo errado ali.

O animal nada entende
E como se fosse gente,
Certa pena sente.

É então que o lobo
De olhos amarelos
Se deixa acariciar.

E o menino, devagar,
Um galho caído no chão
Se põe a pegar.

Seu grito é sobre-humano,
Ao atingir o lobo no crânio.

Corre a alcatéia apavorada,
E a criança tem sua fome saciada.

A coruja olha displicente
O garoto partindo, na paisagem inerte.
Nem triste, nem contente.

2 comentários:

Lorelei of the sea disse...

ai...

Fabio Rocha disse...

Aposto que no lobo doeu mais... :)

Obrigado pela divulgação do meu poema.