sábado, 28 de junho de 2008
Chico Portuga
RÁ, SEI TUDO!
A velha lembrança
Afalhardando-se a quisma ótica do ventre em chamas, absorto em vento sem lenço, acuado em linhas curvas de sanada lembrança do destino contido em palavras amenas. A questão disposta, eterna guia de mar, sentidos azuis, promíscuos provérbios bestaneis e saberdosos de nada. Naquela mesma soldada lembrança, soltardes as vias de caminhos entracortados em sumastréis enqüestrados blaustronéis emborcados, astunamassados e jogados fora. Amora estragada se come com garfo, vermelhamassada, alagada de sangue, trocada por mim. Querelacabadas, colunas rachadas, mazelas fumadas, mocambos casais. Embora trocada, a velhamurada, em sombras se casa por certo quinhão. Marfafagalhada, portrupulada, broscuradamente manisfretada, aquela sombra me achou.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
A FANFARRONICE IMPERA MAIS UMA VEZ!!
Bom, vou saindo antes que o 01 me nomeie como xerife...
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Da série Autor Indigente: aforismo #6
terça-feira, 17 de junho de 2008
Teus Olhos no Espelho
René Magritte - Retrato de Edward James
Teus Olhos no Espelho
Por que você existe se não posso sê-la?
Lascivos sonhos perdidos em acordes diurnos
Foi-se embora a concretude onírica
Ficou o desejo real
Ah, se eu me pudesse
Se eu pudesse ser-me
Eu seria tu
Olhar no espelho sempre
E mergulhar em ti
Uma traição bela
Um destino contido, mas sentido
Tua totalidade é proibida
Teus sonhos, incomunicáveis
Ah, se as palavras não fossem barreiras
Ah, se o verbo fosse ação
A emoção projetada
O sentido anômico
Não precisaríamos de dicionários
Ou salas de cinema
Dia dos namorados
Ou tardes de domingo
Seríamos apenas
Seríamos sós
Seríamos apenas nós
Sem verbo, sem nome, sem voz
Mas essa prolixidade temporal
(Quase tempestade)
Venta-me contra o destino
E o sem-fim do desamor
Corrói-me o fígado
Com seus beijos etílicos
E seus coitos sem filhos
Apaguem, apaguem, apaguem
Apaguem essa luz
Que cria tantas sombras
Apaguem tudo, apaguem todos
Deixem-nos sós
Apenas nós
Sem corpos, sem almas
Escuridão calma
Indiferenciação
Um beijo eterno, terno, lerdo
Apressado, sem tempo, lento
Apertado, sem espaço, infinito
Somo-nos
Enfim um fim
Universalmente abraçados
Singularidade
Teus olhos no espelho
Corporalmente desalmados
Espiritualmente descarnados
Não há eu ou você
Não somos sem sermo-nos
26/05/07
domingo, 15 de junho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
abra seu coração e deixe fluir amigo...
conheça, viva, aprenda...
se tiver de ir, vá, mas vá se medo...
simplesmente abrace seu parceiro e deixe fluir...
pois no fim de tudo todos somos corações gelados...
e nos aquecemos em nossa divertida companhia sem igual.
Feliz dia dos namorados solteiros histórico!
Valeu galera=P
Da série autor indigente: aforismo 5
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Preocupação ordinária #1
tentando ser
unicamente vivido e pluralmente centralizado
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Da série Autor Indigente: Aforismo #4
Jogando fora o bebê...
Outro dia, eu estava indo encontrar meu "cumpadi" Dionísio do lado de fora de uma certa estação de metrô, sem saber muito bem por onde sair. Escolhi uma saída qualquer a esmo e logo que comecei a subir as escadas percebi que se tratava da saída errada. Mal parei no degrau onde me encontrava e ouvi um vigoroso muxoxo vindo da retaguarda (aquele barulhinho, "tsc"). Quando me virei (parte para mudar a rota, parte para conferir) dei de cara com um sujeito emburrado que passou por mim como uma flecha. Eu, prontamente, executando minha atitude de cidadão consciente devolvi o muxoxo um tom acima. Não deu em nada. Pena...
Há algumas semanas, estava esperando o ônibus no aterro, como faço todos os dias, e me encontrava na difícil tarefa de organizar as milhares de moedas que tinha acabado de achar no meu bolso. Enquanto me ocupava com as moedinhas, parou no ponto um ônibus que não servia para mim e me chamou a atenção o fato da porta de trás ter se aberto e ninguém ter descido. Analisando melhor percebi que uma senhora de idade já bem avançada tentava descer do coletivo com uma espécie de carrinho de compras que parecia realmente estar pesado. Confiando na solidariedade dos meus colegas de espera continuei com a contagem, pois me encontrava em um momento crucial, muito próximo de obter a quantia exata da tarifa. Ninguém se moveu. Havia, nesse momento, no ponto, cerca de sete homens e nenhum deles fez qualquer menção de ajudar. Depois de alguns momentos de hesitação resolvi interromper minha tarefa nos últimos centavos e descer o pesadíssimo carrinho para a senhora, atitude que possivelmente me rendeu uma hérnia.
Pois bem. Vivemos numa época que se deleita com a queda dos valores rigorosos das gerações passadas e isso é ótimo, mas acho que algo deu errado. Ninguém apanha mais na escola, as mulheres conquistaram seu espaço no mercado de trabalho, não são vistas mais como meras parideiras, a educação "doméstica" não é mais tão opressora, etc. Acho que vocês entenderam. Mas vocês não acham que falta alguma coisa? Claro que eu não sinto saudade do machismo, nem da "Educação Moral e Cívica", quem me conhece sabe. Mas acho que alguma coisa se perdeu nesse difícil caminho na luta por certas liberdades. Sobretudo aquela formalidade que entra na esfera do respeito ao outro. Ajudar uma senhora em dificuldades já foi uma forma de exercer sua virilidade. É uma coisa estúpida, eu sei, associar as duas coisas, mas não quer dizer que nao deva mais ser feito. Hoje a gente pode ouvir nossa música barulhenta no último volume, graças aos deuses, mas às onze da noite? Não sei...
Eu não quero sair por aí castrando todo mundo, mas acho que é algo que vale a pena pensar. A nossa geração nao precisa mais lutar pra conquistar essas liberdades, mas eu me pergunto se não chegou a hora de pensar em como nós as estamos usando e não ter medo de achar que aquilo que o seu avô disse talvez esteja certo. Isso não foi um surto de saudosismo moralista, eu só acho que ainda há lugar no mundo para cavalheiros.
terça-feira, 10 de junho de 2008
Arroubo
Perdidos pouco a pouco, aqui e ali
Numa dor, numa descoberta
Crescendo para dentro, meio que sem notar
Gastando aquela inocência que é o melhor tempero que existe.
Descobrir que a única coisa nessa vida que se pode conhecer é a si mesmo
Olhar para o lado de fora e só enxergar o lado de dentro.
Do chão
É a abertura de um campo novo, abertura de novas possibilidades o que me alimenta. Alimento-me de vento, de fantasia, amores inexistentes, imaginados, fantasmas, anjos. Todos voam, me cercam, me envolvem num turbilhão, me deixam suspenso, sem base, sem chão e depois me jogam de volta ao chão. Assim que busco de novo o concreto: quando sou jogado a ele. E deitado, o chão parece de novo tão bom, tão aconchegantemente seguro. E o chão que nos segura de cair para sempre é o mesmo que nos puxa pra baixo.
O tempo começa a bater de leve como uma brisa levando do chão seu encanto. O chão, de lugar seguro, passa a ser lugar que segura, o que termina por ser a mesma coisa no fim das contas: o que muda é a (in)disposição de ser segurado. E aí a brisa venta e o vento sopra e o sopro me leva de novo.
De um caderno antigo“O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo, a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.
Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torna mais leve do que o ar, que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.”