segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Correnteza

Uma amiga fez uma metáfora que me disse muito. Ao menos o que entendi da tal metáfora.
Trata-se de um sujeito a se afogar num rio de forte correnteza. Pelo rio passam diversos troncos, aos quais o sujeito tenta inutilmente se agarrar. O sujeito vê no tronco sua salvação, mas não calcula que seu peso é mais do que o tronco pode sustentar. Então, o tronco passa.
Inesperadamente o sujeito parece gostar de se agarrar aos troncos e não procura outra solução senão brincar de agarrar o tronco que passa e tão logo o solta, à outro se atira.
Para quem está de fora, a imagem é angustiante!
Quem é que fica de tronco em tronco, ao invés de, com a mesma energia ou até mesmo menor, nadar até a margem segura?!
Mas que sujeitinho irritante! Está ali se esbaforindo e ainda parece se divertir!
Bom, uma hora ele cansa e procura a margem...
Ou então, que se afogue! Maldito sujeito sádico!
Há ainda a não tão remota possibilidade de que própria margem se levante e vá embora!

Machado



"Caiu do ar? Destacou-se da terra? não sei; sei que um vulto imenso, uma figura de mulher me apareceu então, fitando-me uns olhos rutilantes como o sol. Tudo nessa figura tinha a vastidão das formas selváticas, e tudo escapava à compreensão do olhar humano, porque os contornos perdiam-se no ambiente, e o que parecia espesso era muita vez diáfano. Estupefato, não disse nada, não cheguei sequer a soltar um grito; mas, ao cabo de algum tempo, que foi breve, perguntei quem era e como se chamava: curiosidade de delírio.

--Chama-me Natureza ou Pandora; sou tua mãe e tua inimiga.

Ao ouvir esta última palavra, recuei um pouco, tomado de susto. A figura soltou uma gargalhada, que produziu em torno de nós o efeito de um tufão; as plantas torceram-se e um longo gemido quebrou a mudez das cousas externas.

--Não te assustes, disse ela, minha inimizade não mata; é sobretudo pela vida que se afirma. Vives; não quero outro flagelo.

--Vivo? perguntei eu, enterrando as unhas nas mãos, como para certificar-me da existência.

--Sim, verme, tu vives. Não receies perder andrajo que é teu orgulho; provarás ainda, por algumas horas, o pão da dor e o vinho da miséria. Vives: agora mesmo que ensandeceste, vives; e se a tua consciência reouver um instante de sagacidade, tu dirás que queres viver.

Dizendo isto, a visão estendeu o braço, segurou-me pelos cabelos e levantou-me ao ar, como se fora uma pluma. Só então pude ver-lhe de perto o rosto, que era enorme. Nada mais quieto; nenhuma contorção violenta, nenhuma expressão de ódio ou ferocidade; a feição única, geral, completa, era a da impassibilidade egoísta, a da eterna surdez, a da vontade imóvel. Raivas, se as tinha, ficavam encerradas no coração. Ao mesmo tempo, nesse rosto de expressão glacial, havia um ar de juventude, mescla de força e viço, diante do qual me sentia eu o mais débil e decrépito dos seres.

Entendeste-me ? disse ela, no fim de algum tempo de mútua contemplação.

--Não, respondi; nem quero entender-te; tu és absurda, tu és uma fábula. Estou sonhando, decerto, ou, se é verdade, que enlouqueci, tu não passas de uma concepção de alienado, isto é, uma cousa vã, que a razão ausente não pode reger nem palpar. Natureza tu? a Natureza que eu conheço é só mãe e não inimiga; não faz da vida um flagelo, nem, como tu, traz esse rosto indiferente, como o sepulcro. E por que Pandora?

--Porque levo na minha bolsa os bens e os males, e o maior de todos, a esperança, consolação dos homens. Tremes?

-- Sim; o teu olhar fascina-me.

-- Creio; eu não sou somente a vida; sou também a morte, e tu estás prestes a devolver-me o que te emprestei. Grande lascivo, espera-te a voluptuosidade do nada.

Quando esta palavra ecoou, como um trovão, naquele imenso vale, afigurou-se-me que era o último som que chegava a meus ouvidos; pareceu-me sentir a decomposição súbita de mim mesmo. Então, encarei-a com olhos súplices, e pedi mais alguns anos.

--Pobre minuto! exclamou. Para que queres tu mais alguns instantes de vida? Para devorar e seres devorado depois? Não estás farto do espetáculo e da luta? Conheces de sobejo tudo o que eu te deparei menos torpe ou menos aflitivo: o alvor do dia. a melancolia da tarde, a quietação da noite, os aspectos da Terra, o sono, enfim, o maior benefício das minhas mãos. Que mais queres tu, sublime idiota?

--Viver somente, não te peço mais nada. Quem me pôs no coração este amor da vida, senão tu? e, se eu amo a vida, por que te hás de golpear a ti mesma, matando-me?

-- Porque já não preciso de ti. Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem. O minuto que vem é forte, jucundo supõe trazer em si a eternidade, e traz a morte, e perece como o outro, mas o tempo subsiste. Egoísmo, dizes tu? Sim, egoísmo, não tenho outra lei. Egoísmo, conservação. A onça mata o novilho porque o raciocínio da onça é que ela deve viver, e se o novilho é tenro tanto melhor: eis o estatuto universal. Sobe e olha.

Isto dizendo, arrebatou-me ao alto de uma montanha. Inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe através de um nevoeiro, uma cousa única. Imagina tu leitor, uma redução dos séculos, e um desfilar de todos eles, as raças todas, todas as paixões, o tumulto dos impérios, a guerra dos apetites e dos ódios, a destruição recíproca dos seres e das cousas. Tal era o espetáculo, acerbo e curioso espetáculo. A história do homem e da Terra tinha assim uma intensidade que lhe não podiam dar nem a imaginação nem a ciência, porque a ciência é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos. Para descrevê-la seria preciso fixar o relâmpago. Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim,--flagelos e delícias, desde essa cousa que se chama glória até essa outra que se chama miséria, e via o amor multiplicando a miséria, e via a miséria agravando a debilidade. Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia alguma vez, mas cedia a indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era uma dor bastarda. Então o homem, flagelado e rebelde, corria diante da fatalidade das cousas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a agulha da imaginação; e essa figura, -- nada menos que a quimera da felicidade, -- ou lhe fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem e cingia ao peito, e então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.

Ao contemplar tanta calamidade, não pude reter um grito de angústia, que Natureza ou Pandora escutou sem protestar nem rir; e não sei por que lei de transtorno cerebral, fui eu que me pus a rir, -- de um riso descompassado e idiota.

--Tens razão, disse eu, a cousa é divertida e vale a pena, -- talvez monótona mas vale a pena. Quando Jó amaldiçoava o dia em que fora concebido, é porque lhe davam ganas de ver cá de cima O espetáculo. Vamos lá, Pandora, abre o ventre, e digere-me; a cousa é divertida? mas digere-me."


Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis

domingo, 28 de setembro de 2008


Não quero mais brincar disso... =-(

real, simbólico e imaginário


Ruínas da igreja de São Francisco, Alcântara, Maranhão



Assim Como

Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.


Alberto Caeiro

sábado, 27 de setembro de 2008

o amor


Marcel Marceau



O Amor

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Toulouse-Lautrec - Au lit, le baiser


Se eu sou assim,
bem que você poderia não ser!
Ter a coragem que eu não tenho
de realizar os meus desejos...

domingo, 21 de setembro de 2008

Conselho

Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.

Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim com lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.

Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és -
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...


Fernando Pessoa

sábado, 20 de setembro de 2008

Às esfarrapadas...

Não devemos justificar o que escrevemos... É o que é, e também o que parece ser... E só!
Seria simples, no sentido da simplicidade simplória e medíocre, se esconder na barra da saia da censura...
Independentemente do teor alcoólico, a gente se mostra escrevendo, desenhando, respirando, vivendo... e isso dá vontade de nos explicarmos, camuflarmos o que foi flagrado.
Não siga essa vontade, é inútil... Ninguém a credita, ou acredita.
Não perca seu tempo com desculpas tolas...
Deixe-se flagrar! Às vezes é até gostoso ser descoberto...

aqui vejo os outros longe


"Hi-Fi" - Ricardo Newton



Escrito numa quinta à noite no sujinho.

aqui vejo os outros longe, longe de mim, independentes de mim, existentes sem mim. e isso é assustador e é lindo. lindo porque é o real, o real que é imaginado. o real imaginário. meus amigos estão lá, falando com outras pessoas. é como se eu estivesse olhando do além e isso é uma coisa metafísica, sem limites. como memórias póstumas.
quando o amor vai embora o que resta é beber.
aqui, com algumas pessoas conhecidas, eu vislumbro o sentido da vida: o outro que se conhece e que te conhece. é o outro que te protege do fracasso da existência. é o outro que te evita de cair no vazio da incompletude. é o outro que te faz perceber a finitude de si e a infinitude da finitude ali mesmo. é o outro. Mesmo falando merda, nada com nada. mesmo a beleza sendo só um acessório! é o outro que propicia o sentido dado por você. sem o outro não há sentido.
“eu já vi mulheres de coxão e de braço fino”
“pega na minha e balança”
é isso que importa.
“eu pego ela. o que importa é ninguém saber”
a interação entre homem e mulher é muito engraçada. o caminho tortuoso é o mais legal porque o que importa é o caminho e o caminho tortuoso é o mais longo.
"cadê o dono do isqueiro?" Eu sou um ser alheio à espécie humana.
“se você quer você pega”. aposto que sim.
“eu adoro as noites de quinta porque eu vou trabalhar mal na sexta. Todo boêmio há de ser funcionário público”.
o que importa é o amor. amor na verdade é a relação. em meio a toda essa finitude o que importa é o amor. o amor é que estende o tempo.
a memória vem, memória que configura a alma. a alma que é o passado e que é tudo. e tão linda. as almofadas voando. os netos brincando com as almofadas. a televisão mal pega. a vida. as pessoas ainda vivas. essa é a eternidade. tão linda. e tão fatalmente inexistente. e por isso linda. essa é a eternidade viva. nunca vai morrer. nunca porque é linda. o importante é o momento. aquele infinito.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Medo

Tudo nessa história me dá medo. E o que mais me apavora é que é a minha história. De repente eu só temo, tremo, me paraliso, me abstenho. Mas é a minha história!!! Como posso me abster?!
De tudo tenho medo. Até de você... Mais uma vez me paraliso e, pra você, finjo que não tremo. E em você, mais do que outras coisas, por completo temo. É um pavor tão angustiante que te ignoro, abro mão de ti, mas você não vai embora. Me sobra, então, te tornar outra coisa, algo que seja seguro, que não me apavore. Mas por temer tudo, te torno nada.
Assim, você me envolve etereamente... Talvez eternamente... Não se pode ter ou livrar-se do que é etéreo, que por definição sequer é. Te torno um nada e, portanto, poderá ser pra sempre. Nada é pra sempre.
Sólido como o vento, eterno como o nada, você me permeia e eu não temo. Tudo é perfeito. Num repente te vejo solidificar e se tornar real, atendendo à outra.
Minha segurança foi em vão. Te perdi. Pra sempre? Não. Somente o nada é para sempre e você só é nada pra mim. Quando acabar, talvez eu já esteja pronta para te solidificar e não mais te deixar permear-me, mas tocar-te.
Até lá...

domingo, 14 de setembro de 2008

Apontamentos

"Crow with heart" - Sarah Rogers

Queria poder saber escrever uma história, e o tema dela seria a espera. Aquela triste espera que parece não depender de nós e que suspende a criança, sentando-a no meio-fio da calçada, tendo como amparo apenas a mão que sustenta o rosto de olhos esvaziados pelo horizonte, naquele morno horizonte onde a sua mãozinha se vê envolvida da grande mão protetora e guia, que lhe veio buscar no fim da tarde. A espera que risca em carvão a sombra que corta o vale, fugindo do sol e abraçando-se com a antagônica noite, perdendo-se onde chegou e esquecendo-se de onde começou a vir. A espera que arrasta-se em estagnação, aprisionando o homem apenas para lhe tornar capaz de procurar, no seu mais íntimo, a semente da loucura que é arada no solo azul do sonho. Não a espera que doa seu corpo à esperança, mas a espera que sutilmente mutila sua surpresa em encanto e, finalmente em desespero. A espera que consiste não em acordar após um longo sono, mas em desenhar no caderno uma manhã, e poder nesta manhã desenhada acordar apenas para compreender que se estava sonhando.

E se nessa história eu pudesse ousar continuar, escreveria então o momento que a chuva é recebida como milagre pelos olhos secos da menina. Quando o sol tinge em laranja as nuvens que se escondiam de teus olhos sonolentos e que anima constelações de orvalhos ao longo do teu quintal. Quando o vento farfalha as folhas e finalmente penteia teus cabelos da forma concebida pela natureza que já não reconheces mais. Quando a mãe beija o recém declarado filho pelo seu ventre e o pai busca a criança suja de tinta na escola. Quando você percebe que todos os temores que nutria no momento que antecedia onde você está no exato agora eram infundados, e percebe que só os pode afogar num sorriso de superação. Quando mesmo os soluços que concluem o choro solitário cessam e dão lugar à clara meditação. Quando a amada recebe uma rosa vermelha jamais recebida - e jamais dada - ou você encontra uma flor amarela caída no chão. Quando eu te encontro por acaso e me deixas apenas entorpecido de surpresa e encanto, reverberando-te em sonho.

E, se pudesse então concluir essa história, nela contaria a você todas essas coisas bonitas que sinto aqui dentro, que me parecem tão claras, despidas de dúvidas, nessa noite perdida que estou irremediavelmente silêncios e mistérios de distância de você. Nessa noite que me banho de uma esperança talvez escorrida da Lua, nesse céu que abraço as possibilidades como certezas, nessas estrelas que, de alguma forma, delineiam teu rosto em minha mão. E você teria a certeza de que tudo o que quis ter feito, era de ter estado ao teu lado, desde o início.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

poço

Mesmesuras ecléticas bastouradas embaixo. Nada se masca em nome da bola sem rosto, bela sem nada, sem mais porque também, nem mais longe dali. As sombras perseguem o susto, na dura medida do instante. Sem vento, a abóbora vira cristal e as escadas levam-na ao baile de máscaras e sombras persecutórias e inconscientes atravessados por coletivos, enunciados, agenciados, encurralados, pueris. À beira da cama, a besta se faz clara e dá lua ao bolo de feno comido por mim na borda da existência. Ouça, que é a de todos nós: o poço entupiu e agora os sonhos são jogados nele pra ganharmos em troca as possíveis moedas brilhantes, mas que não chegam a nossas mãos, ficam lá no fundo, distorcidas pelos sonhos, pelas águas turvas dos sonhos, lá no fundo do poço entupido. Não bebo dessa água, desse desespero de ineditamente viver esperando um pranto louco que não é meu. Prefiro andar com as sombras que são as minhas, e as personas que são as minhas e bailam com os outros que em troca me deixam em paz, coletivamente imaginado em paz.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ode a Dionísio



só sou-me quando me transtorno, me transformo, quando me distorso, quando não sou mais eu. álcool que entra, álcool que sai, o importante é a viagem que faz e os atravessamentos que (mental e hepaticamente) provoca . é estranho, parece que as pessoas falam mais comigo quando estou completamente bêbado. não sei se sou eu que falo mais com elas ou se, como disse um grande amigo meu hoje, o álcool (quando ingerido) recobre-me duma aura diferente que me permite ser quem sou, ou quem acho que sou. na conversa citamos Vinícius e seu copo de uísque. Vinícius que não seria Vinícius sem o uísque, uísque que não seria uísque sem Vinícius. nada que não seria nada sem nada. enfim, o poeta não seria vagabundo sem uísque e, sem ser vagabundo, logicamente nao poderia ser poeta. logo, o poeta imprescinde de uísque. c.q.d. mas eu prefiro cerveja, logo meus versos não são tão destilados, eles fermentam como comida estragada, logo não sou Vinícius, nem morri aos 66 anos. nem sou eu quem nesse momento vos escreve , na verdade, dado que infelizmente não estou bêbado.